Taxas alfandegárias: Viticultores independentes querem "dar um soco na mesa" e atacar a UE

A Federação Francesa de Exportadores de Vinhos e Bebidas Destiladas (FEVS) lamentou na sexta-feira a entrada em vigor de uma taxa alfandegária de 15% sobre produtos europeus a partir de 7 de agosto e pediu à França e à União Europeia que "continuem as negociações".
O presidente dos EUA , Donald Trump, assinou uma ordem executiva na quinta-feira impondo tarifas mais altas a dezenas de países.
"O que parecia uma espada de Dâmocles em abril tornou-se realidade", lamentou Jean-Marie Fabre, presidente do sindicato dos Viticultores Independentes da França, na RMC nesta sexta-feira. "Teremos que bater os punhos na mesa para garantir que a Comissão Europeia não sacrifique o setor no acordo, em benefício da indústria automobilística alemã ou de algum outro setor industrial", continuou.
"Devemos impor à Comissão Europeia o nosso desejo de ver o setor isento", insiste Jean-Marie Fabre.
"A Ministra Annie Genevard e o Ministro Laurent Saint-Martin estão mobilizados e comprometidos com esta questão, e para eles, o setor continua sendo um setor fundamental – e isso é positivo", afirma Jean-Marie Fabre. "Hoje, devemos impor à Comissão Europeia o nosso desejo de ver o setor isento. Se isso não acontecer, as consequências econômicas, no coração das regiões e para a economia francesa, serão terríveis."
"Saudamos os esforços já feitos para tentar obter a exclusão de vinhos e destilados dessa taxa de 15%", declarou Gabriel Picard. "Mas a situação não pode continuar como está", continuou, acreditando que "as negociações devem continuar", insistiu Gabriel Picard, presidente da Federação dos Exportadores de Vinhos e Destilados (FEVS), citado pela AFP.
"Estamos pressionando nossos líderes políticos para que consigam essa negociação com a Comissão Europeia. Por enquanto, ela está suspensa. Eles provavelmente nos pedirão para fazermos esforços tarifários para tentar cobrir parte do aumento vinculado a esses direitos aduaneiros com eles", continua Jean-Marie Fabre. "Vamos pedir aos importadores que não tenham mais margem e trabalhem com margem zero. Isso será uma dificuldade adicional se quisermos simplesmente manter nossa participação de mercado para o consumidor americano", antecipa.

"É o país líder no mundo em termos de consumo de vinho e bebidas destiladas e, para a França, é o nosso principal mercado em termos de faturamento", lembra Jean-Marie Fabre, que menciona a perda de 800 milhões a 1 bilhão de euros em faturamento há cinco anos, durante as taxas alfandegárias de 25%, já aplicadas na época pelo governo Trump.
Até 2024, os Estados Unidos representarão 10% das exportações de champanhe em volume e mais de 14% da receita do setor, ou € 820 milhões, segundo o CIVC. Com um impacto claro nos preços para o consumidor final americano, espera-se que uma sobretaxa de 15% reduza o consumo de champanhe nos Estados Unidos, alertou Maxime Toubart, copresidente do Comitê Interprofissional de Vinhos de Champanhe (CIVC), à AFP. "Mas não podemos mensurar concretamente hoje o número de garrafas que perderemos."
Desde o final de 2024, os produtores franceses estão "estocando demais", diz Jean-Marie Fabre, em antecipação à eleição de Donald Trump, que já havia anunciado uma política protecionista.
E desde o início de abril, quando a redução de 10% entrou em vigor, "os pedidos têm chegado com moderação, dependendo da reposição de estoque e de produtos específicos, mas o volume de negócios caiu drasticamente", relata ele.
RMC